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Reflexões Psicanalíticas

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Burnout no trabalho: uma visão psicanalítica sobre o esgotamento contemporâneo em 2025

burnout no trabalho

Burnout no trabalho é um tema recorrente na saúde mental contemporânea. Mas será que compreendemos realmente o que esse esgotamento representa? Neste artigo, proponho uma leitura psicanalítica que ultrapassa os limites da produtividade e do ambiente profissional. Aqui, o burnout é visto como expressão de algo mais profundo: o mal-estar da vida moderna.

A nova lei NR1 e a saúde mental no trabalho

A nova lei NR1 que obriga às empresas a fazer a gestão da saúde mental no trabalho é mais uma ação do governo que, particularmente sob o meu olhar, não terá efetividade em sua ação.

É muito costumeiro tentar dar solução sob as beiradas de um problema sem mergulhar no buraco ao qual está inserido.

Burnout no trabalho vai além do profissional

O burnout no trabalho jamais deveria ser associado apenas ao ambiente profissional. Ele significa um esgotamento de fora para dentro, ou seja, fatores externos que causam pressão interior, uma queima de energia, levando a um esgotamento físico e mental. O trabalho não é o único fator externo que influencia no cansaço do ser humano. A vida está cansativa.

Diagnósticos como disfarce do mal-estar social

A grande questão é que, assim como o burnout no trabalho, inventa-se mil doenças para tentar dizer o mesmo: o cansaço e esgotamento físico e mental como um dos sintomas do mal-estar social ao qual estamos vivendo.

Vivemos uma época atípica em que jamais conseguiremos eficácia em uma ação se esta for tomada isoladamente. O interessante é que os jovens, justamente aqueles que têm mais energia, é quem mais se queixam do cansaço. Eles são os mais acometidos pelos problemas de saúde mental. Tem algo muito estranho nisso.

Burnout no trabalho e a cultura corporativa

No contexto do burnout no trabalho, existem inúmeros fatores organizacionais que podem gerar essa exaustão.

A cultura da empresa que contribui para o burnout no trabalho inclui o excesso de tarefas, a implementação de métricas de desempenho que comparam produtividade sem considerar particularidades, a desumanização do colaborador e a falta de vínculo afetivo no ambiente profissional. Muitas vezes, o problema não é institucional, mas de gestões individuais que agem de forma intimidadora e abusiva.

Compulsão por produtividade

Outro fator que potencializa o burnout no trabalho é a compulsão por produtividade. Funcionários e gestores que trabalham além do expediente, mesmo sem cobrança direta, criam uma cultura de autoexigência que se reflete em metas irreais e pressão desnecessária. Isso não só esgota emocionalmente, como também afeta a saúde física.

Perseguição ou sintoma interno?

Em muitos casos, a sensação de perseguição no trabalho também contribui para o burnout. Cabe investigar se essa sensação se repete em diferentes contextos, o que indicaria um sintoma psíquico individual. A psicanálise, nesse caso, pode ajudar a elaborar esse sentimento e trazer compreensão sobre quem são os “perseguidores” representados internamente.

O silêncio como agravante

Outro elemento recorrente no burnout no trabalho é o silêncio. Muitos funcionários, por medo ou inibição, não verbalizam suas insatisfações. A retenção emocional, sem canal de escuta, pode se transformar em sintomas como ansiedade, agressividade, baixa imunidade e faltas constantes.

Burnout no trabalho e o despreparo emocional

Muitos jovens enfrentam o burnout no trabalho por não tolerarem frustrações e exigirem prazer constante. Isso é resultado de uma educação que não os preparou para o mundo adulto, vendendo a ideia de uma felicidade permanente. Quando essa expectativa não se cumpre, surge a frustração, a instabilidade e o abandono precoce das empresas.

O sofrimento transformado em mercado

O burnout no trabalho tem sido também capturado pelo mercado. Transformado em diagnóstico padronizado, ele é muitas vezes instrumentalizado para vender cursos, tratamentos e soluções prontas. Assim, a responsabilidade individual e os aspectos simbólicos do sofrimento humano são esquecidos.

O tempo que não existe

A carga horária atual está completamente desalinhada com as necessidades humanas. O burnout no trabalho também é resultado da falta de tempo para descanso, convívio afetivo e lazer. O sistema cobra produtividade constante, mas nega espaço para o essencial: viver.

Complexidade humana no ambiente profissional

O burnout no trabalho não é apenas um sintoma do excesso de trabalho, mas da forma como levamos nossa subjetividade para o ambiente profissional. Problemas familiares, relacionamentos esvaziados e dificuldades emocionais também atravessam o cotidiano de quem trabalha.

Considerações finais

O burnout no trabalho é um fenômeno complexo que vai além do que pode ser tratado com leis, treinamentos ou protocolos. É preciso compreender o ser humano em sua totalidade, em suas repetições, desejos, histórias e modos de lidar com a falta.

A psicanálise não oferece uma solução pronta, mas um espaço de escuta onde o sujeito possa falar sobre o que queima por dentro, para muito além do que o mercado chama de “burnout no trabalho”.

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